A monogamia contraria a natureza humana, biologicamente falando, e não tem a mesma graça que a diversidade no plano horizontal é capaz de oferecer.
Como eu disse, estou bem casada. Bem na fita. Bem consciente de que escolhi esse homem; e é com ele que eu quero estar, brindar, batalhar, ganhar dinheiro, viajar, construir castelos, fazer amor e sexo pra valer. Não é com o personal trainer, com o vizinho que cozinha tão bem a ponto de espalhar aroma de alecrim no corredor ou com o irmão mais novo da amiga cheio de testosterona para trocar.
Para mim, é inesquecível a definição que minha fonte de reportagens preferida sobre relacionamentos, o médico psiquiatra Paulo Gaudencio, dá para a fidelidade: “É como churrasco de chuchu”. Ele tem razão: a monogamia contraria a natureza humana, biologicamente falando, e não tem a mesma graça que a diversidade no plano horizontal é capaz de oferecer. Homens e mulheres que não sentem desejo erótico pela novidade já morreram e não sabem ainda. É ela que move o tesão.
Porém… a gente é fiel quando há (ótimas) compensações. Intimidade, cumplicidade, afeto trazem uma sensação de completude que não vale a pena dispensar — ao menos na opinião de uma bem casada, que prefere investir para dentro da relação a “lavar roupa para fora”, o que desperta nos homens o lado carente sob os pensamentos de “que sorte tem o homem dela, queria ser eu”.
A propósito, se você quer que a sua amada faça parte do grupo das mulheres bem casadas, e assim matar a torcida do seu time do coração e os engravatados com quem trabalha de invejinha e dor de cotovelo, saiba que uma das colas afetivas mais poderosas se chama ad-mi-ra-ção. Pondo a sugestão em águas cristalinas: seja um homem que alimenta admiração em sua mulher. Diariamente, sem folga nem nos feriados. Eu admiro o meu principalmente pela inteligência, por me escutar (e também me alertar quando banco a ingênua no dia a dia…), por trabalhar feito doido naquilo que adora e ainda assim cavar um(uns) tempinho(s) para nós. Sua mulher pode admirá-lo porque faz omeletes supercriativos, porque realiza bem cinco posições do Kama Sutra pelo menos (não tem desculpa, existem 529!), porque é um profissional prestigiado, porque é cheiroso e viajado, porque segura a onda dos filhos sem pôr toda a responsabilidade no colo dela…
Escolha seu cardápio de motivos para despertar admiração e ela vai saborear um benfeito churrasco de chuchu lambendo os finos dedos. Repetir, agradecida. Ficar viciada em você. O bom é que faz bem ao coração e não engorda.
(*) Joyce Moysés é redatora-chefe da revista NOVA: jmoyses@abril.com.br
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